Já todos nós passamos por aqueles momentos em que dizemos alguma coisa no momento errado, com as pessoas erradas a nossa volta. Quer seja por ignorância no que respeita ao enquadramento social dos ouvintes ou por distracção sem reparar em quem está a ouvir a conversa...
Aí por meados de Novembro/Dezembro eu tive uma dessas situações quando em conversa com o treinador do Ginásio ele me pergunta o que eu faço ao nível profissional. Digo-lhe que trabalho em biotecnologia e que actualmente estava a trabalhar em dois projectos, um dos quais sobre o Cancro.
O rapaz ao ouvir isto interessa-se imediatamente pelo tema e começa a disparar perguntas e a tecer comentários sobre o cancro e os seus tratamentos. Eu lá lhe vou respondendo e comentando até que ele diz:
"Ah, sabes o que é? É que a minha mãe está doente com cancro e já está em estado terminal!"
Epah, vocês conseguem imaginar o murro no estômago que é ouvir uma coisa destas, assim! Sem mais nem menos! Ainda por cima depois de lhe dizer que estava a trabalhar num projecto que poderia vir a ajudar ao tratamento do cancro, mas que se tudo corresse bem só daqui a 10 anos é que estaria disponível no mercado...
Esta semana, depois de se ausentar cerca de uma semana esse rapaz voltou ao ginásio. Quando me cumprimentou rapidamente perguntou: "Então e o teu trabalho como está a correr?" Eu disfarcei e falei sobre um outro projecto que não o do cancro, e depois remeti para ele.
"Então e tu, como estás?"
Ele responde "Mais ou menos, não estou numa das melhores fases da minha vida... A minha mãe morreu na semana passada!!!"
Outro murro no estômago!
O pior é que eu simpatizo com o moço, fiquei mesmo triste com a situação.
Eh nestas alturas que eu me revolto como a industria farmacêutica. Quantos milhares de potenciais fármacos poderiam estar nesta altura no mercado capazes de salvar estas pessoas e não estão por questões de dinheiro e lucros. Porque é caro produzir, ou porque o eventual lucro é baixo, ou porque as negociações entre duas empresas parceiras falharam, ou coisas do género...
Sonho com um mundo em que a medicina será avançada e haverá uma vasta gama de medicamentos disponíveis todos eles a preços acessíveis ao mais comum mortal!
(Espera!!! Acho que CUBA tem um sistema assim!!! Não é maravilhoso? Humm, aparentemente não, vive lá o Fidel!) - ironia
Se até os genéricos são de marca em ve de serem produção estatal!
ResponderEliminarQuando penso que as empresas de genéricos têm lucros enormes e dps penso nos das outras farmacêuticas fico mesmo enojada.
Quando a saúde é negócio, o negócio rende com o mal-estar das pessoas.
Que belos países estes que não são do eixo do mal, nem terroristas, nem nada. São tão solidários! E democráticos!